O Vale dos Barris, em Salvador, se transformou em campo de guerra ontem
quando um grupo de manifestantes tentou se aproximar da Arena Fonte Nova
onde acontecia o jogo entre Brasil e Itália pela Copa das
Confederações.
O grupo, formado por aproximadamente 2 mil pessoas,
tinha saído do Campo Grande em direção ao Iguatemi, mas decidiu mudar o
itinerário definido pelos manifestantes em reunião no dia anterior.
Manifestantes atiraram rojões contra barreira da Polícia Militar
Os
manifestantes, nos primeiros momentos nos Barris, apelaram pela não
violência. “Nosso objetivo é outro. Não é quebrando a cidade que vamos
resolver alguma coisa. Isso só piora”, disse o garçom Anatanailson Reis,
25 anos.
Ele acrescentou que a ação da polícia durante os
protestos provocou reações: “Quem apanha quer bater, né?”.Os
manifestantes levaram faixas e desceram o Politeama em direção aos
Barris. Em frente à Cortina de Carybé, o bloqueio estava montado pela
PM, assim como na quinta-feira (20) quando também houve confronto no
local.
Os manifestantes permaneceram parados em frente à
barreira, aos gritos de “Vem pra rua”. Outros diziam abrir mão da Copa e
cobravam saúde e educação.
Ao lado de uma quadra de futebol, um
grupo formou uma roda de capoeira. Mas a paz não durou muito tempo.
Cerca de 30 minutos depois, alguns manifestantes soltaram rojões em
frente à barreira e, com a chegada da Tropa de Choque, o grupo foi
disperso com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Dois
contêineres de lixo foram incendiados no Vale dos Barris, na tentativa
de montar uma barricada que evitasse o avanço da tropa da polícia.
Alguns
manifestantes revidaram com pedras atiradas em direção à polícia, mas
vândalos aproveitaram para apedrejar pontos de ônibus, carros no
estacionamento São Raimundo, vidros da Polinter, além de incendiar um
toldo e quebrar grades do estacionamento.
Em menos de 20
minutos, a tropa avançou até a entrada do estacionamento e dispersou a
multidão. Um grupo de cinco rapazes pichou paredes e ateou fogo em um
micro-ônibus embaixo do Viaduto do Politeama. No Campo Grande, um grupo
decidiu seguir para a Avenida Garibaldi pelo Garcia, mas os cerca de 100
manifestantes também foram recebidos com gás quando estavam na pista.
“Dois amigos meus foram atingidos por balas de borracha e, na correria,
um deles torceu o pé”, disse o sociólogo Breno Andrade, 25 anos.
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